sábado, 23 de janeiro de 2021

O início da ansiedade

Sou a Cátia, tenho 25 anos, neste momento moro na Suiça. Concidero-me feliz independentemente da minha ANSIEDADE, gosto de tudo um pouco, ler, escrever, ouvir vários estilos de música, gosto de desenhar e pintar, gosto de trabalhos manuais e amo muito animais, tenho 5 gatos e dois cães em Portugal, são os meus amores. Tenho um irmão Diogo e a minha Mamã, são os meus eternos amores!

Quando era criança mudava muitas vezes de casa, ao que os meus pais eram obrigados a mudar me de escola, mas sempre me adaptei bem, sempre gostava da turma que calhava, fiz muitos amigos mesmo que agora não tenha contacto com nenhum deles, no meu tempo não havia telemóveis 😁. 

Então mudei uma última vez de escola, na transação do 6° ano para o 7°, foi então que tudo começou! Os primeiros meses de adaptação até não foram muito difíceis, mesmo sem conhecer ninguém na minha turma, tinha a minha prima que andava um ano atrás e andava na mesma escola. Ocupava os meus tempos livres com elas e as amigas dela (que ainda são minhas amigas também), depois comecei a falar com um grupo de raparigas, havia uma em particular, Sara, que puxava sempre assunto sempre que houvesse oportunidade. Dávamos realmente muito bem. Mas ela teve de se mudar para a casa da mãe, ela vivia com a tia, ao mudar de casa mudou de escola e mais uma vez fiquei ali, desamparada, mesmo tendo as outras colegas não era a mesma coisa sem a Sara.

Mas não desisti e continuei a tentar manter relação, admito que até tinha um grupinho engraçado e passou o 7° ano, entre percalços, mas notas por contas de todas as mudanças mas consegui passar de ano a todo o custo. Foi um ano bastante atribulado.

Já no 8° ano, ano novo mas a vida era a mesma, o ano não começou muito mal, mas mudou tudo radicalmente. De um momento para o outro era motivo de chacota da turma, eu era muito magrinha e as minhas omoplatas eram muito salientes, quando estava sentada nas cadeiras elas encaixavam no encosto da cadeira pelo lado de fora, fui tão gozada. Um outro momento foi quando ganhei uma grande escamação no queixo devido a uma alergia, tenho a pele super sensível e sofro de pele atopica, eles fugiam da minha beira com medo que se pegasse e fui chamada de monstro montes de vezes. Eu não tinha um intervalo normal, eu ia para a entrada da escola, para a beira dos funcionário, era o único sitio que ninguém podia implicar comigo, tantas vezes eu chorava, limpava as lágrimas e voltava para a sala. 

Isto tudo afastou me completamente da realidade e fez-me cair numa zona isolada onde só eu existia. Acabei por tirar tão boas notas porque não tinha mais onde gastar as minhas energias e isolava-me nos estudos. Mais para o fim do ano acabei por fazer amizade com a Ângela, ela tinha problemas de desenvolvimento e tal como eu era só ela, sozinha e isolada. Era com ela que falava nas aulas, era ela que me abstia de todos os outros.

Passei de ano, super feliz com as notas mas destroçada psicologicamente!

Começou mais um ano, o último por sinal! Finalmente! Diria eu que talvez fosse mais calmo mas começou exatamente como acabou, eu sem falar com ninguém, isolada, chorona, uma pessoa completamente diferente!

Fiz as pazes com uma delas, a Paula, foi a melhor coisa que me podia ter acontecido no meio de tanto sofrimento. Éramos inseparáveis. Melhores amigas até depois do 12° ano.

Passei de ano, fiz as pazes com mais algumas, mas nunca fiquei 100%. Mal sabia eu todo o mal que me fizeram ficou tão agarrado a mim, puxou me para um buraco tão fundo que nem eu me tinha apercebido e então quando entrei para o 10° ano a ansiedade atacou. Tão abrusca, tão repentina, tão malvada! Os meus pais nunca souberam de nada e ainda agora não acreditam... 

Tive o meu primeiro ataque de ansiedade, um dia normal completamente normal, como era delegada de turma a 'stora' pediu me para ir buscar umas fotocópias e quando chego à sala sinto um aperto enorme no coração, tanta falta de ar, a visão tão turba, palpitações, o nariz, as mãos e os pés adormeceram, não conseguia parar de tremer. Cai no chão, sem forças, foram os rapazes todos da minha turma (sim eram 18 rapazes e só 2 raparigas) que me deitaram de lado, de disseram para respirar, falaram comigo, preocupados, a pedir para eu me acalmar. Então consegui acalmar. Mas foi este o ataque, o gatilho para não parar mais.

Todas as semanas tinha cerca de 3 a 4 ataques. Eu chorava desalmadamente, tentava controlar tudo o que se estava a passar comigo, parecia que ia morrer, chegava a perder os sentidos 5 vezes em cada ataque. Era horrível! E depois do ataque? Pior ainda, sem força, com dores horriveis de cabeça, no peito, no corpo... Havia dias tão bons, mas tambem tão horriveis!

Fui à Médica, fui diagnósticada com ansiedade e DEPRESSÃO! Depressão?! Como assim?! Tinha apenas 16 anos, era uma adolescente. Mas mal sabia eu que já levava com isso desde a pré-adolescencia, que tudo aquilo por que passei nos anos anteriores foram o gatilho para tudo aquilo que estava a passar! 

Chorei tanto, tive tanto medo! Foi a minha mãe que me deu todo o apoio, foi ela que ficou em casa para olhar por mim, eu tinha pensamentos suicidas e se nao fosse ela, quantas vezes poderia ter corrido mal. 

Andei na psicóloga da escola, a tomar medicação e a tentar manter me o máximo que conseguisse ocupada. 

Fui aprendendo a controlar os ataques, curei a depressão e vivi os 3 melhores anos de escola de toda a minha vida, boa aluna, bons amigos, estabilidade emocional e psicológica. 

Depois que sai da escola comecei logo a trabalhar, tinha cada vez menos ataques até que PASSEI 2 ANOS SEM ATAQUES!!!!

Sim nem um ataque, estava tão bem, tão feliz, tão realizada!! Andava no ginásio, mantinha sempre a cabeça ocupada, mesmo sem ainda dormir como uma pessoa normal, mas estava bem... 

AMANHÃ CONTO O RESTO! Muito texto para uma vez só ☺️


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Noite difícil